Descrição
O artigo investiga os percursos de criação do artista do corpo – teatro, dança e performance – Roberto Alencar, refletindo sobre a produção das características do grotesco em seu trajeto criativo, perscrutando os procedimentos que envolvem seu pensamento e prática, destacando as relações entre desenho e corpo. Os conceitos de beleza e de feiura, que estão no âmago das definições do grotesco, têm rendido inúmeros debates e teorias ao longo da história e abrangem diversas áreas de conhecimento. A partir do corpo grotesco, os sistemas morais são subvertidos e distorcidos, e torna-se clara a relação íntima entre a arte, a vida e a morte. Os sentidos que o grotesco propõe servem de modo muito eficiente à análise de alguns processos criativos de Alencar ligados às relações entre seus desenhos de corpos e o corpo que vai para a cena. Seus estudos de corpos prenunciam experiências com o monstruoso e grotesco pelo qual ele se interessa intensamente. Essa análise foi feita a partir do estudo de documentos de processos criativos – cadernos, desenhos e escritos – de Alencar, criados no desenvolvimento de seu trabalho, à luz das teorias de Cecília Almeida Salles sobre crítica de processos de criação, que tem como base a semiótica de C.S. Pierce e propõe diálogos com autores como Victor Hugo, Vsevolod Meyerhold e Mikhail Bakhtin.