Descrição
No Brasil, durante os anos 90 são propostas mudanças nas condições de produção científica surgidas da crítica ao modelo de ciência analítica implícito nos Pareceres 977/65 e 77/69 do Conselho Federal de Educação que regulamentaram a pós-graduação. O modelo imposto de áreas de concentração priorizava o ensino de disciplinas obrigatórias e eletivas de domínio conexo e relegava a segundo plano a pesquisa e a problematização da realidade. São indicadores da crise desse modelo: a desistência dos alunos antes de concluírem a pesquisa, o aumento do tempo médio de titulação, a protelação e empobrecimento da pesquisa em função do cumprimento de prazos, a divisão do saber em áreas temáticas atreladas aos currículos da graduação, o enquadramento das pesquisas em áreas de concentração em vez de priorizar a problematização da realidade, a separação entre ensino e pesquisa, entre graduação e pós-graduação e a forma individualizada de tratar o conhecimento. A mudança de áreas de concentração para linhas de pesquisa modificou algumas formalidades, entretanto, não superou a divisão dos saberes imposta pela concepção analítica de ciência nem recuperou, como base da pesquisa, os problemas vinculados ao mundo da necessidade e à dinâmica histórica da sociedade, nem consolidou as abordagens complexas sobre a realidade educacional.