Descrição
Uma obra incompleta de Avicena (Ibn Sīnā), a Filosofia Oriental, concentrou a atenção de muitos especialistas para determinar seu título e conteúdo. Alguns julgaram tratar-se de uma obra de conteúdo místico e aceitaram o título de Filosofia Iluminativa, o que foi refutado unanimemente com a publicação, em 1925, do artigo de C. A. Nallino e, mais recentemente, em 1988, com o trabalho de D. Gutas. A mística na obra de Avicena, porém, continuou a ser estudada com base em seus outros textos. Na década de 1950, Henry Corbin reviveu a polêmica em torno do título da controvertida obra de Avicena, desenvolvendo a hermenêutica de uma filosofia oriental-iluminativa e, nesta linha, a interpretação de três opúsculos de Avicena. Foi contestado por Amélie-Marie Goichon em seu estudo sobre a Narrativa de Hayy ibn Yaqzān, um dos três opúsculos estudados por Corbin. Apresenta-se aqui a história da polêmica acerca do título da obra parcialmente perdida de Avicena e, relacionada a esta questão, a concepção de Oriente e Ocidente nos estudos avicenianos. Ao interpretarem Hayy ibn Yaqzān, Corbin e Goichon seguem métodos distintos: Goichon segue o paradigma do aristotelismo e Corbin elabora uma hermenêutica fenomenológica para explicar a simbologia da viagem da alma em direção ao conhecimento.