Descrição
Este artigo apresenta um panorama da crítica literária aplicada à poesia latina da Antiguidade. Principia pelas leituras biográficas do século dezenove e primeira metade do vinte e passa a discutir a alteração radical que se seguiu, a partir de Allen (1950) que, com base na arquitetura poética que permeia esses poemas, os via como construções ficcionais absolutas. Entretanto, após o radicalismo dessa crítica antibiografista, uma terceira possibilidade está sendo estudada atualmente: se o poeta dá seu próprio nome ou utiliza o nome de personagens historicamente identificáveis, isto deve ser considerado como um elemento extra ao iocus poético – ele, o poeta, está intencionalmente tornando as fronteiras entre a res ficta e a verdade histórica indistintas. Assim, a parte final do artigo discutirá as implicações dessa nova visão sobre os gêneros poéticos e historiográficos.