Descrição
Falar sobre o teatro cearense, a nível nacional, era algo quase que inexistente na história do teatro brasileiro, pois tratava-se de um teatro longínquo, visto, na maioria das vezes, de forma preconceituosa, simples e repleto de dificuldades; um teatro esquecido e considerado regional. Mesmo com um certo crescimento de qualidade na dramaturgia brasileira, não se falava, a nível Brasil, do teatro produzido, por exemplo, no Piauí, no Amazonas, na Paraíba e nos demais lugares do Brasil, uma vez que o teatro brasileiro se resumia ao eixo Rio-São Paulo. Conforme aponta Costa (2014), “timidamente”, o restante do Brasil, por volta dos anos de 1960/1970, começará a ser mencionado em livros que falam sobre a história do teatro brasileiro, como a Pequena História do Teatro Brasileiro, de Cacciaglia (1986), O Teatro no Brasil, de J. Galante de Souza (1960) e, Um Teatro Fora do Eixo, de Fernando Peixoto (1997). E, no que se refere ao Ceará, cita-se apenas o nome de José de Alencar e algumas de suas obras dramatúrgicas (O Demônio Familiar (1857); As Asas de Um Anjo (1958); Mãe (1860) e outras). Infelizmente, não encontramos outros nomes cearenses a ser explorado pelos estudiosos, como o de Carlos Câmara, Silvano Serra, Paurillo Barroso, Juvenal Galeno, Pápi Júnior, Eduardo Campos, dentre outros. Diante do exposto, é que agora, felizmente, iremos abordar o teatro de Carlos Câmara e duas de suas importantes burletas – A Bailarina (1919) e O Casamento da Peraldiana (1919) -, encenadas e produzidas aqui, no Ceará, demostrando assim, a existência, fora do eixo Rio-São Paulo, de um teatro de cunho nacional de qualidade e de eloquência; a existência de um teatro que não deixaria, de forma alguma, a desejar, se tivesse tido a oportunidade de circular pelo pais, assim como aconteceu com as grandes companhias do seu tempo que, a grosso modo, encenavam obras e/ou peças de dramaturgos, na maioria das vezes, estrangeiros.