Descrição
Este artigo visa descrever de maneira fenomenológica a experiência de escuta musical com dispositivos portáteis, tendo como referência principalmente os estudos de Michel Chion e os conceitos filosóficos de Gilles Deleuze. A capacidade que esses aparelhos têm de proporcionar uma escuta em movimento faz com que eles sejam potenciais fontes de um efeito cinematográfico de suspensão ou de fabulação, em que a própria realidade torna-se tela panorâmica de uma obra processual e assubjetiva. O corpo ganha funções de mediação na medida em que o modo de auralidade dos dispositivos de escuta portátil, completamente autônomo, insere na percepção visual eflúvios sonoros, os quais, anexados ao ritmo do movimento imagético, elevam-no à posição de movimento cinemático, ou seja, de realidade que dura, de mais-que-realidade.