Descrição
A partir do estudo de um ritual católico denominado cura interior, vivenciado entre católicos carismáticos de uma cidade do estado de Minas Gerais, ressalta-se a importância da articulação entre corpo, emoção e memória. No ritual da cura interior, ocorre a produção de uma tecnologia de constituição do sujeito em que a transferência e expansão semântica de termos e procedimentos da psicologia junguiana (e outras), da medicina e da tradição católica instituem um “fluxo intersubjetivo”, transversal e simétrico, de um fazer-saber simultaneamente terapêutico e religioso. A cura interior praticada pelos “especialistas da cura” torna-se um campo no qual tendências contraditórias dialogam entre si. Um diálogo que tem como palco a trajetória, a memória e as emoções dos praticantes, apontando para novas formas de articulação entre as pequenas narrativas biográficas (pontuais) e as grandes narrativas da religiosidade católica (difusas e míticas). Observações etnográficas e conceituações antropológicas permitirão compreender como a tradição é arranjada em contextos individualizantes.