Descrição
As pesquisas científicas produzidas nas duas últimas décadas sobre a cultura das organizações escolares apresentam como traço dominante a adesão a um registo de tipo gestionário, assente na crença de que as culturas integradoras promovem a excelência, a eficácia e a competitividade escolar. Igualmente presente na agenda da política educativa mais global, esta ideologia tem vindo a sustentar algumas medidas reformadoras da escola pública. Neste texto discutem-se as implicações que o uso gerencialista da cultura pode ter sobre o desenvolvimento democrático da escola. A exploração desta pressuposição apoiar-se-á, do ponto de vista metodológico, na análise de uma amostra de 239 Relatórios de Avaliação Externa das Escolas produzidos no contexto da realidade portuguesa entre 2006 e 2009. O principal objectivo prendeu-se com a apreensão dos modelos implícitos de cultura de escola e de liderança veículados pela comissão de avaliação e as suas implicações no domínio da reconfiguração do quotidiano das escolas. Na parte final do texto procura-se indagar até que ponto a agenda política de cariz gerencialista se tem dessiminado na comunidade académica e nos próprios contextos da acção educativa, designadamente no plano da reconstrução das culturas (organizacionais) escolares, na reconfiguração dos perfis de liderança e no correlativo desenvolvimento das práticas democráticas.