Descrição
O artigo apresenta a etnografia da dança do maracatu desenvolvida ao longo de oitos anos no universo do Maracatu de Baque Virado. Tento fazer um esforço analítico e prático de unir a perspectiva de uma dançarina com o lugar teórico da antropologia. Busco demonstrar como a dança do maracatu reforça sua concepção transcultural. Desse modo, a performance pode ser entendida a partir do conceito de dance/music form, proposto por Yvonne Daniel como chave para compreensão da afro-diáspora e suas linguagens não verbais que comunicam e organizam determinados saberes corporificados. Na última etapa, o breve registro analítico das formas e frases coreográficas da dança do Maracatu, concebidas principalmente a partir do estilo de Mestre Maurício, nos desafiam a perceber que os processos de aprendizado e transmissão de seus saberes não estão alheios ao contexto vivido.