-
Dar luz aos textos, silenciar as vozes “des”- : conhecimento e distanciamento em processos de construção da “música portuguesa” (1939-59)
- Voltar
Metadados
Descrição
This paper proposes an analysis of the process of silencing the music sound recordings of oral traditions carried out in Portugal between 1936 and 1959. It focuses on field recordings made under the auspices of institutions of the autocratic regime of the Estado Novo, the period of the provincial authorities (1936-39), during which an extensive process of mapping traits, taken as definer of the Portuguese culture, was carried out.The sound recordings, after enormous human and economic investments made in its implementation, were silenced and remained unpublished until the present day. What were the political strategies that presided over these accomplishments, who were theprotagonists, which collected and the contents that were silenced, are the questions under debate. I aim to explore the themes of text versus sound, seeing versus listening. Drawing on Michel Foucault's concept of epistemological field (2005), I intend to revealthemodus operandithat influenced implicitly the process that led to the silencing ofthousands of sound records. Finally, and sustained by the contributions of the philosopher Jacques Rancière (2010), I open up a discussion on the potential dissensus that might be prompted by the listening of those sound records.||Este trabalho propõe uma análise sobre o processo de silenciamento de registos sonoros de músicas de tradições orais realizados em Portugal entre 1936 e 1959. Centra-se, em particular, nas gravações de campo realizadas sob patrocínio de instituições do regime autocrático do Estado Novo, no período de vigência das autarquias provinciais (1936-39), durante o qual foi levado a cabo um extensivo processo de mapeamento dos traços tidos como definidores da cultura portuguesa. Os registos sonoros, depois de enormes investimentos humanos e financeiros postos na sua consecução, foram silenciados, permanecendo inéditos até aos dias de hoje. Quais foram as estratégias políticas que presidiram a essas realizações, quem foram os protagonistas, quais os conteúdos coligidos e por que foram silenciados, são as questões de que parto. O texto versus o som, o olhar versus o ouvir, é a temática que irei explorar no final: procuro o campo epistemológico, na acepção de Michel Foucault (2005), ou seja, um modus operandi implicitamente condicionador do processo em estudo que conduziu ao silenciamento de milhares de registos sonoros. Por fim, sustentada nos contributos do filósofo Jacques Rancière (2010), proponho uma discussão em torno do potencial dissenso gerado pela audição musical desses registos sonoros.
ISSN
1809-8274
Periódico
Autor
Pestana, Rosário
Data
24 de abril de 2017
Formato
Identificador
Idioma
Direitos autorais
Copyright (c) 2017 Revista ArteFilosofia | https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0
Fonte
Artefilosofia; v. 6 n. 11 (2011): Dossiê etnomusicologia; 68-81 | 2526-7892 | 1809-8274
Assuntos
sound records, textualization, aesthetic, discensus , interlocution. | sound records | textualization | aesthetic | discensus | interlocution | registros sonoros | textualização | estética | dissenso | interlocução
Tipo
info:eu-repo/semantics/article | info:eu-repo/semantics/publishedVersion