Descrição
O artigo busca discutir o processo de aperfeiçoamento humano, concebido por Jean-Jacques Rousseau e suas implicações nos processos educacionais. Utilizando-se da metáfora de Glauco, Rousseau defende que a alma humana foi alterada no seio da sociedade e mudou de aparência ao ponto de se tornar irreconhecível. E nesse processo de afastamento da natureza e de desfiguração, o homem acabou por instrumentalizar a natureza e desfigurá-la conforme os propósitos de suas paixões. Nessa perspectiva, o Emílio aparece como uma tentativa audaciosa e apaixonada de discutir sobre um problema que não deixa de ter uma dimensão política, que é a formação humana, principalmente se considerarmos que toda reflexão que aparece nessa obra prefigura a tarefa de fazer do homem um ser autônomo e livre, devidamente preparado para opor-se ao estado de depravação ao qual a humanidade chegou, resistindo o máximo possível à influência das paixões, dos vícios e às falsas soluções que podem aparecer.