Descrição
Este artigo traz reflexões sobre o devir-criança e o contágio dos corpos a partir de uma experiência pedagógica com práticas corporais de educação somática e dança, no ponto em que estas possibilitam uma abertura do corpo à afirmação da singularidade. Na articulação entre a dança e a educação somática, o corpo entra em cena como um suporte para a experimentação de si. No ensino dessas práticas são utilizadas orientações não diretivas, atuando na desconstrução de certa tradição pedagógica da dança que implica o corpo em seus movimentos padronizados. Assim, a aprendizagem se dá em um reenvio a si, inventivo de novas possibilidades sensório-motoras. A experiência pedagógica em questão ocorreu em uma turma de Conscientização do Movimento oferecida para adultos, em um grupo paradoxalmente heterogêneo e indistinto quanto a classificações relativas às faixas etárias “jovem”, “adulto” e “idoso”. Isto é, a abertura do corpo ao lúdico, à experimentação de si e à afirmação da singularidade acolhe e extrapola simultaneamente a cronologia de vida de cada um quando o acontecimento se relaciona com a existência do ser, com o tempo do Aion. Alguns eventos esporádicos, contudo, evidenciaram a “heterogeneidade” e a “indistinção” do grupo de modo ainda mais radical quando as aulas foram habitadas pela presença de crianças. Observar a diluição dos contornos do Cronos nesses corpos, a princípio tão distantes entre si, constituiu como um importante disparador para se pensar a capacidade de contágio e da comunicação direta entre os corpos quando estes entram em devir na dança. Cabe ressaltar que o relato dessas experiências não busca legitimar o devir-criança dos adultos em função da presença das crianças no mesmo ambiente, pois o ser criança não implica o devir-criança. O que possibilitou a comunicação direta entre eles foi a existência de uma abertura prévia desses corpos heterogêneos. Se houve contágio, foi porque se formou um corpo único em um agenciamento mútuo dos corpos. Assim, a dança era composta por crianças em expansão, dispersas em uma multiplicidade de infâncias em relação lúdica com o corpo. O devir-criança foi a orientação criadora das novas possibilidades de movimentos corporais, enquanto processo capaz de abrir para o instante e usufruir dele, na diluição e superação do eu. Foi o que permitiu a produção da sensibilidade criativa, a emergência do desconhecido. Palavras-chave: contágio; devir-criança; dança; contato; comunicação entre corpos||This paper reflects on the becoming-child and the contagion of bodies from an educational experiment with bodily practices of somatic education and dance, at the point where they allow the body to an opening statement of uniqueness. In conjunction with the dance of somatic education, the body comes into play as a support for the trial itself. In teaching these practices are not used guidelines policies, working on the deconstruction of certain pedagogical tradition of dance that uses body movements and standardized. Outside that ideal learning occurs in a reference to itself, inventive possibilities of new motor-sensory deficits. Here, teaching experience in question occurred in a class of Awareness of Movement offered for adults in a group paradoxically heterogeneous and indistinct as the ratings of "aged" young, adult and elder. That is, the opening of the body to play, to experiment with you and welcome affirmation of the uniqueness of the chronology of the life of each one, and simultaneously, this extrapolates to when the event relates to human existence, with the time of Aion . However, some sporadic events have highlighted the "heterogeneity" and "blurring" of the group even more radical when classes were inhabited by the presence of children. Observe the dilution of the contours of Kronos these bodies, the principle so far apart, provided an important trigger for thought and the contagiousness of a direct communication between the bodies when they move into becoming the dance. It is worth noting that the report of these experiments not to legitimize the child from becoming-adults due to the presence of children in the same environment, because even being a child does not guarantee becoming-child. But precisely because he had an opening of the bodies that might be a direct communication between them. If there were contagion, was formed as a single body, without the regency of Kronos, which echoed one another in a mutual agency of the bodies. Thus, the dance was composed of children growing, dispersed in a variety of playful childhoods in relation to the body. The becoming-child orientation was the creator of the new possibilities of bodily movements, as the process can open up to the moment and enjoy it, and overcome the dilution of the self. Was what enabled the production of creative sensibility, the emergence of the unknown.||Este artículo trae reflexiones sobre el devenir-niño y el contagio de los cuerpos a partir de una experiencia pedagógica con prácticas corporales de educación somática y danza, en el punto en que éstas posibilitan una apertura del cuerpo a la afirmación de la singularidad. En la articulación entre la danza y la educación somática, el cuerpo entrar en escena como un soporte para la experimentación de sí. En la enseñanza de esas prácticas son utilizadas orientaciones no directivas, actuando en la deconstrucción de cierta tradición pedagógica de la danza que implica el cuerpo en sus movimientos estandarizados. Así, el aprendizaje se da en un re-envío a sí, inventivo de nuevas posibilidades sensorio-motoras. La experiencia pedagógica en cuestión ocurrió en una clase de Concientización del Movimiento ofrecida a adultos en un grupo paradójicamente heterogéneo e indistinto en lo que hace a las calificaciones relativas a las categorías etarias “joven”, “adulto”, “anciano”. Esto es, la apertura del cuerpo a lo lúdico, a la experimentación de sí y a la afirmación de la singularidad acoge y extrapola simultáneamente la cronología de la vida de cada uno cuando el acontecimiento se relaciona con la existencia del ser, con el tiempo de Aion. Sin embargo, algunos acontecimientos esporádicos mostraron la “heterogeneidad” y la “indistinción” del grupo de modo todavía más radical cuando las clases fueron habilitadas para la presencia de niños y niñas. Observar la dilución de los contornos de Cronos en esos cuerpos, en principio tan distantes entre sí, constituyó un importante disparador para pensar la capacidad de contagio y de comunicación directa entre los cuerpos cuando estos entran en devenir en la danza. Importa destacar que el relato de estas experiencias no busca legitimar el devenir-niño de los adultos en función de la presencia de niños y niñas en el mismo ambiente, pues el ser niño no implica el devenir-niño. Lo que posibilitó la comunicación directa entre ellos fue la existencia de una apertura previa de esos cuerpos heterogéneos. Si hubo contagio, fue porque se formó un cuerpo único en un agenciamiento mutuo de los cuerpos, Así, la danza era compuesta por niños y niñas en expansión, dispersados en la multiplicidad de infancias en relación lúdica con el cuerpo. El devenir-niño fue la orientación creadora de las nuevas posibilidades de movimientos corporales en cuanto proceso capaz de abrir para el instante y usufructuar de él, en la dilución y superación del yo. Fue lo que permitió la producción de sensibilidad creativa, la emergencia de lo desconocido. Palabras clave: contagio; devenir-niño; danza; contacto; comunicación entre cuerpos
