Descrição
Para além da vigilância e da opressão, um elemento central do mundo distópico de 1984 é a contínua reescritura do passado e a tentativa de criar um presente sem fim em que o domínio do Partido seria eterno. No entanto, o passado continua a surgir para assombrar o presente através das lembranças pessoais de Winston Smith, o protagonista do romance, ou na própria crença do Partido de que o passado define o futuro. O objetivo deste artigo é examinar como algumas convenções do gótico são rearticuladas em 1984 para dar forma a representações do tempo ligadas ao ocultamento e à fantasmagoria, que, por sua vez, apontam para os problemas associados a uma temporalidade moderna.