Descrição
Parece haver consenso de que a prática artística da performance está ligada a duas características: sua permeabilidade em relação a realidade; e sua adesão a um determinado “aqui-agora”, o que implica efemeridade. Vivemos, todavia, uma época marcada pelo imperativo do registro: a experiência das coisas do mundo sugere a aparente necessidade de captação a partir de dispositivos tecnológicos (sobretudo imagéticos). A performance acusa as consequências dessa circunstância, que impacta sua própria lógica de funcionamento e possibilidades de expressão. Este ensaio busca refletir até que ponto a mediação tecnológica e imagética coloca em xeque as potencialidades expressivas da performance. Para tanto, propõe-se uma reflexão sobre a influência da presença dos dispositivos de registro na relação entre performers e públicos; visa-se, ademais, apontar e categorizar as capturas que tais procedimentos implicam, valendo-se do conceito criado por Deleuze e Guattari (1997), cujo diagnóstico parece fundamental para permitir linhas de fuga.