Descrição
The reunion with the “self”, the “dressing up” of self, in an innermost representation of the “feminine/female soul”, bringing some aspects of everyday-life as important references, allows Maria Teresa Horta and Ana Luísa Amaral to construct poetry in which the feminine lyrical self takes not only possession of what she observes, but also the power to make decisions about her life, as “lady” and “owner” of herself, in a speech free of patriarchal oppression. In this article we will analyze how various “ladies” are built in these two works, underlining that Minha Senhora de Mim is configured as a milestone of Portuguese poetry by women, opening a rift to restore possession of the speech (and of the body) to women without sociocultural impediments that might limit the work of the woman writer; and how Ana Luísa Amaral, paraphrasing Maria Teresa Horta in an obvious homage in Minha Senhora de Quê builds a work with its own identity within a different feminist perspective.||O reencontro consigo mesma, o “vestir-se” de si mesma, numa representação mais íntima da “alma feminina”, fazendo dos motivos do quotidiano uma amálgama de referências importantes, permite que Maria Teresa Horta e Ana Luísa Amaral construam uma poética na qual o “eu” lírico feminino tem não apenas a posse daquilo que observa, mas também o poder de decisão sobre a sua vida, como “dama” e “dona” de si, centrado num discurso livre da opressão patriarcal. Analisaremos como as várias “senhoras” são construídas nessas duas obras, sublinhando que Minha Senhora de Mim se configura como um marco inicial da poesia portuguesa feminina, abrindo uma fenda para restituir a posse do discurso (e do seu corpo) às mulheres, sem o pesar de impedimentos socioculturais que venham limitar o labor da mulher escritora; e como Ana Luísa Amaral, parafraseando Maria Teresa Horta numa evidente homenagem, em Minha Senhora de Quê, constrói uma obra com identidade própria, dentro de uma outra perspetiva feminista (feminina).