Descrição
A cinematografia contemporânea de Eduardo Coutinho é marcada pela centralidade da entrevista como forma dramática e pelo registro do encontro presente entre o diretor e os sujeitos filmados. “Arte do presente” (2002), na expressão de Consuelo Lins, esse cinema abriga, entretanto, um projeto mais raro, mas muito denso, de escrita da história. Propomos investigá-lo a partir do cotejo entre dois documentários históricos separados por 20 anos - Cabra marcado para morrer (1984) e Peões (2004) -, ensaiando ainda aproximações entre esta cinematografia e a concepção de história defendida por Walter Benjamin em suas teses (BENJAMIN apud LÖWY, 2015).||Eduardo Coutinho’s contemporary cinema is marked by the interview as a dramatic form, as well as the register of the ongoing encounter between the director and his interviewees. However, this “art of the present”, as called by Consuelo Lins, implies a rarer, denser history-writing project. This paper explores this dimension of his work by comparing two lms that are 20 years apart in their making: Twenty years later (1984) and Metalworkers (2004). Their similarities and differences allow us to note, between past and present, mutual insights that Coutinho’s diachronic gesture brings about, which hypothetically constitutes “the present as history”.