Descrição
Pretende-se identificar e formalizar uma epistemologia de caráter decolonial na literatura profética do Antigo Israel. Pressupõe que o conhecimento é sempre contextual, fato inescapável mesmo àqueles modelos hegemônicos que se impõem como parâmetro universal, justificando toda sorte de colonialismos. Ao demonstrar a radicalidade da epistemologia decolonial, marca as distinções entre aquilo que poderíamos chamar de epistemologia do Norte e epistemologias do Sul e mostra a íntima relação entre as experiências sociais e o conhecimento que se produz no interior das sociedades. Caracteriza, também, o chamado pós-colonialismo, destacando sua insuficiência na legitimação de conhecimentos autóctones, e aponta para a necessidade de uma epistemologia decolonial, cuja crítica se constrói para além de questões de tempo e de lugar. É a partir desse pressuposto que o presente artigo sugere a possibilidade de uma epistemologia na literatura profética do Antigo Israel, afinal, a radicalidade decolonial nos permite descobrir epistemologias que, apesar de se distanciarem de sua matriz moderna, ainda assim podem ser legitimadas.