Descrição
A percepção e produção de sentido da voz em performance é necessariamente perpassada por uma escuta que a redimensiona e a recria. Trata-se de um devir do performer que se retroalimenta por meio da experiência, afetando corpos e construindo mundo. Tal escuta sugere a alteridade enquanto porosidade aos afetos do outro, ao mesmo tempo em que se revela como possibilidade técnica na produção vocal. Dessa forma, a glossolalia, enquanto um conjunto de práticas que fazem desarrazoar vocalidades, pode suscitar uma escuta singular, estabelecendo uma alteridade instigante nos processos de criação do performer, inferindo princípios para uma técnica vocal. A partir dessas considerações, o presente artigo procura discutir as possibilidades de uma escuta para a produção da voz no contexto da performance, apontando princípios de uma técnica baseada na alteridade.