Descrição
O presente relato de experiência é fruto de uma pesquisa-ação que sistematizou uma proposta pedagógica que tematiza os esportes/jogos indígenas nas aulas de Educação Física na primeira fase do ensino fundamental. O objetivo geral foi ensinar os saberes tradicionais da cultura indígena na educação formal, valorando seus aspectos simbólicos e sócio-culturais enquanto alteridades étnicas constituintes da identidade brasileira. A intervenção foi realizada na Escola Municipal Recanto do Bosque, instituição no qual se desenvolveu as ações do subprojeto de Educação Física do campus ESEFFEGO (PIBID/UEG). Valendo-se da pedagogia histórico-crítica no campo da educação brasileira e da abordagem crítico-superadora no campo da educação física, elaborou-se uma proposta pedagógica para o ensino da Peteca e Jikunahaty (Cabeça-bol) oriundas da etnia indígena kayapó na escola. A seleção destas práticas corporais fundamentou-se na importância histórica da resistência deste grupo étnico país, bem como, pelos aspectos simbólicos que estes saberes possibilitaram na ressignificação de sentidos e significados da educação do corpo. Concluímos ser possível a partir de uma teoria pedagógica crítica trabalhar com os saberes advindos da cultura indígena no currículo formal, superando os conteúdos eurocêntricos que colonizam hegemonicamente a escola. As dimensões cooperativas e de formas de sociabilidade coletivas se evidenciaram enquanto hábitos e valores que constituíam a ludicidade destas práticas corporais em detrimento da competição que na modernidade se traduz formas de exclusão, hierarquização e individualismo.