Descrição
O trabalho analisa o comportamento das organizações diante de situações que envolvem temas polêmicos cujo processo de divulgação na imprensa pode trazer danos à sua imagem e à sua reputação. O objetivo é verificar as estratégias usadas por essas organizações para gerenciar o acesso à imprensa de suas fontes institucionais. O caso estudado foi o da participação no noticiário nacional de fontes oficiais de uma instituição pública de pesquisa na área agrícola envolvida nas discussões que antecederam a aprovação da Lei de Biossegurança. Foi usada a teoria do agendamento com foco nos estudos das fontes de notícias (Molotch; Lester, 1974; Hall et all., 1978; Schlesinger, 1992; Santos, 2006) e o conceito de campo social (Bourdieu, 1983). Concluiu-se que fontes agem estrategicamente para fazer chegar aos jornalistas informações adequadas aos interesses organizacionais e que o acesso à imprensa obedece a uma hierarquia de acordo com a posição institucional da fonte, com o volume de capital acumulado no campo e com o reconhecimento dos pares para falar legitimamente como porta-voz da organização. Fontes que não ocupam posições privilegiadas no campo institucional são excluídas do rol de fontes noticiosas não integrando a “hierarquia de credibilidade”, pois podem fornecer aos repórteres informações que contradigam os argumentos usados pelos porta-vozes indicados colocando em risco a unicidade do discurso institucional e a imagem da organização.