Descrição
Neste trabalho, a partir das concepções da Linguística Interacional, tem-se por objetivo ampliar a compreensão do fenômeno da opressão social de gênero marcada na interação por meio de estratégias discursivas de gerenciamento de turnos e tópicos na conversação. Dessa forma, o tema deste artigo é a gestão de turnos e tópicos conversacionais como estratégia interacional de opressão social de gênero em uma entrevista televisiva. Como percurso metodológico, são analisados dois fatores importantes da interação conversacional: a maneira por meio da qual os interlocutores gerem a alternância dos turnos de fala e a forma como é manipulada a escolha e a manutenção do tópico discursivo, o que envolve fatores linguísticos e paralinguísticos. Os interlocutores envolvidos na interação em questão vivenciam determinadas particularidades na condução da conversação, as quais privilegiam a manifestação discursiva masculina em detrimento da manifestação feminina, mesmo sendo esta advinda da entrevistada convidada ao programa. É possível concluir com a análise que há relações de poder totalitário e homogeneizante atribuídas socialmente ao homem sobre a figura feminina e que essas relações, abusivas, são projetadas na condução da conversação que caracteriza a entrevista, o que configura um uso da língua em interação de caráter opressor em relação ao gênero feminino e envolve uma atitude de resistência da mulher na simples apropriação e condução da palavra em interação.