Descrição
O artigo tem como ponto de partida o acesso ao ateliê e aos arquivos de criação do artista Eustáquio Neves. A investigação dos percursos identificados nas obras, esboços, anotações e falas de Neves busca relações entre os processos de criação e a presença comunicante materializada nos trabalhados do artista, visando descobrir de que maneira os procedimentos adotados pelo autor transformam imagens em estandartes que carregam memórias deliberadamente evocadas enquanto povoam universo ficcional com seus próprios tempos e espaços. Neves coloca a fotografia no contexto das artes visuais ao criar imagens complexas nas quais o clamor político e as marcas do processo – tanto fotográfico quanto extrafotográfico – se impõem. A presença resulta, portanto, de investimento semântico que perpassa todo o processo de criação e, no caso de Neves, é amplificado pelo uso não convencional desses procedimentos. O tratamento acadêmico do material, feito sob a perspectiva da crítica de processos de acordo com contribuições teóricas de Cecilia Almeida Salles, faz emergir discussões sobre os tempos e espaços fotográficos, autoria, memória e arquivos.