Descrição
A construção de condomínios fechados de elite nas áreas periféricas das cidades latinoamericanas instigou um debate controvertido centrado na questão se este desdobramento favorece a integração socioeconômica das camadas baixas habitando estas regiões. Neste trabalho, visa-se investigar sob quais condições o efeito-território, acometendo a população pobre do bairro central Calabar e do bairro periférico Vila Verde, Salvador, Brasil, se vê influenciado pela proximidade aos condomínios da classe alta. À base de entrevistas, evidencia-se que existem tanto mecanismos que prejudicam o indivíduo, como a influência do tráfico de drogas, quanto mecanismos que beneficiam sua vida, como a mobilização coletiva da comunidade. Discute-se que as articulações funcionais entre os grupos socialmente distantes sofreram importantes alterações dentro da trajetória de expansão da classe média e alta, sendo que a relação entre proximidade e integração socioeconômica se vê condicionada pela existência de espaços públicos, pela autonomia funcional do bairro e pelo impacto do crime. Conclui-se que a recente construção do condomínio Alphaville 2 não ampliou as possibilidades de articulação social com os segmentos mais pobres morando no bairro Vila Verde, dada sua maior autonomia funcional e seu maior grau de isolamento espacial. Tampouco criou externalidades positivas para a população do seu entorno geográfico em termos de acesso a serviços urbanos e de segurança pública, em contraste com o bairro de Calabar.