Descrição
This paper discusses the relationship between the acts of fictionalization in literary reading and the emancipation of the reader. For this, first, it makes a comparison of the Aesthetics of Reception and the Theory of the Aesthetic Effect, regarding their theoretical and methodological aspects. This parallel has revealed the supplementary character of such theories rather than a complementarity between them, as previously propagated. Then, it discusses the acts of fictionalization and the emancipation of the reader in the heuristic in-betweeness formulated by both the Historical-Cultural Theory (Vigotski) and by the Theory of the Aesthetic Effect, and its extension, Literary Anthropology (Iser). Next, it approaches the aesthetic experience, the importance of the incursion of the concept of real reader in this experience and the two-way relationship between the founding Vigotskian’s and Iserian’s theoretical concepts, presenting how the first serves the second. Finally, it argues for the relevance of the act of mapping aesthetic experience as a key to self-awareness of the cognitive and metacognitive processes experienced by the reader in fictional reading when building meaning. This self-awareness can enable the management of such processes, favoring the achievement of more complex levels of emancipation. The understanding of the aesthetic experience is — from our point of view — crucial to foster an emancipatory reading, approaching, even if minimally, the many possibilities of what we are.
||Este artigo discorre sobre a relação entre os atos de ficcionalização em leitura literária e a emancipação do leitor. Para tanto, iniciamos pelo cotejo entre a Estética da Recepção e a Teoria do Efeito Estético, no que se refere aos seus aspectos teóricos e metodológicos. Esse paralelo nos revelou, antes, o caráter suplementar de tais teorias do que uma complementaridade entre elas, como outrora propagado. Na sequência, circunscrevemos a discussão sobre os atos de ficcionalizar e a emancipação do leitor no entre-lugar heurístico formulado tanto pela Teoria Histórico-Cultural — do psicólogo russo Lev. S. Vigotski — como pela Teoria do Efeito Estético, e seu prolongamento, a Antropologia Literária — ambas de Wolfgang Iser. A seguir, dissertamos sobre a experiência estética, a importância da incursão do leitor real nessa experiência e a biunívoca relação entre os conceitos fundantes das teorias vigotskiana e iseriana, mostrando como a primeira serve à segunda. Por fim, a argumentação culmina na relevância do ato de mapear a experiência estética como chave para autoconsciência dos processos cognitivos e metacognitivos vivenciados pelo leitor de leitura ficcional ao construir sentido. Essa autoconsciência pode viabilizar o manejo de tais processos, favorecendo o alcance de níveis mais complexos de emancipação. A compreensão da experiência estética é — do nosso ponto de vista — determinante para fomentar uma leitura emancipadora, aproximando-nos, ainda que minimamente, das muitas possibilidades do que somos.
