Descrição
Confundido com a própria obra – cuja autoria não se pode comprovar, posto que do corpus a ele atribuído não há senão textos apógrafos, o poeta baiano Gregório de Matos Guerra continua suscitando polêmica nos dias de hoje: como tratar o seu legado poético? Depurar o todo até chegar à mens auctoris, como preconiza o método lachmanniano, defendido por Antônio Houaiss, ou, ao contrário, construir uma visão alargada da tradição gregoriana, levando em conta não apenas a matéria poética em si, mas também a cadeia histórica de transmissão e recepção? Considerando estas duas vertentes, e considerando também que a figura controversa de Gregório de Matos Guerra é produto de discursos historicamente construídos, este artigo trata das dificuldades em estabelecer-se o cânon gregoriano e faz um breve percurso pela historiografia literária brasileira, determinante na representação que temos, hoje, do poeta e sua obra.
Palavras-chave: Cânon gregoriano; Apógrafos; Método; Historiografia literária.