Descrição
Através de análise comparada investigamos aqui os processos de nascimento do fado em Lisboa, do tango em Buenos e do samba no Rio de Janeiro e a transformação desses estilos em símbolos nacionais de seus países. Os três gêneros surgiram no século 19, na periferia de capitais portuárias, e passaram a ter alcance nacional na era do rádio. Tal processo de se deu em meio à tutela de governos autoritários em busca de legitimação e disciplinarização popular (Salazar em Portugal, Péron na Argentina e Vargas no Brasil). Pela censura explícita de letras e comportamentos desagradáveis aos regimes, pelo patrocínio de artistas convenientes ou pelo cadastramento e habilitação de artistas “autorizados”, esses estilos foram, por um lado, catapultados ao estrelato nacional e, de outro lado, viram sua liberdade artística ficar restrita. Posteriormente, analisamos a transformação desses estilos consagrados pelo público em patrimônio cultural imaterial e ativos turísticos das cidades em questão. Defendemos que esse último fator é ponto chave para se entender as iniciativas de patrimonialização nos três casos.