Descrição
Este artigo tem como objetivo levar o pesquisador em Educação a se questionar sobre os desafios dos contextos de leitura e de escrita de uma pesquisa diante das questões envolvendo o rigor acadêmico, a cegueira epistemológica e o reconhecimento do saberes/fazeres/valores e emoções contra-hegemônicos. Para refletir sobre a estreita relação entre objeto de pesquisa, o pesquisador e sua busca em retratar, explicar e afirmar uma realidade, articulamos os elementos da obra La Trahison des Images (A traição das Imagens-1928) de René Magritte, as análises de Michel Foucault sobre linguagem e representação a partir dessa obra, e os fundamentos da pesquisa-ação. Nessa interface, o exercício do pesquisador parece ser de “representar” através do discurso, o seu objeto de pesquisa, sem muitas vezes perceber que o que ele de fato faz é produzir uma noção particular daquele objeto, mas, que não é em si o objeto. Buscamos problematizar as formas de “produzir” objetos e sujeitos de pesquisa, para assim refletirmos sobre a importância do inquestionável em pesquisa educação, os desafios dos contextos de escrita e de leitura de uma pesquisa aplicada à educação, balizadas pelas ética em pesquisa e pela superação da cegueira epistemológica. Assim, os apontamentos mais significativos deste artigo giram em torno da “verdade”, colocando em questão o pesquisador que assume autoritariamente a objetividade e o rigor científico para impor “suas” verdades, permeando as pesquisas aplicadas à educação e as constituindo como respostas únicas e inquestionáveis para os problemas investigados.
