Descrição
Esse ensaio busca refletir sobre o modo como a escrita de si de Andrea Tonacci no filme Já visto jamais visto (2013) retira sua potência do trabalho de invenção da memória. A ideia é de que Tonacci é menos personagem de uma narrativa pessoal do que o próprio cineasta que, ao colocar seu gesto em perspectiva, e (re)ver quarenta anos de trabalho, lembranças guardadas e esquecidas em milhares de rolos de filmes, habita um espaço entre-imagens e sujeitos, no qual o cinema opera relações temporais e reencontra uma dimensão porosa e lacunar, onírica e mnemônica. É justamente porque a memória se constitui mesmo no processo de feitura do filme, e não como algo fora que precisa se resgatar ou se conservar como um patrimônio subjetivo, que ela não se coloca como um dever biográfico e histórico, mas como um devir, um devir cinema.