Descrição
Este artigo trata de temas como luto, imaginário republicano e representação histórica por meio da análise de Redescobrindo o Brasil: a festa na política, de Marlyse Meyer e Maria Lucia Montes. Publicado logo após a morte de Tancredo Neves, o livro das duas autoras estabelecia uma interpretação singular dos funerais do político mineiro. A representação do luto que se transformava em festa configurava uma espécie de inversão paradoxal do trágico, pela qual o ato final do enredo se tornava um momento inaugural, numa espécie de catarse que não funcionava como um reequilíbrio das coisas ou como retorno a uma situação de opressão após o castigo do destino. Representando o início de um novo ciclo, a morte de Tancredo aparecia como uma redescoberta do Brasil, materializada na festividade de um povo que se tornava sujeito de sua história e cuja identidade possuía traços idênticos aos do político mineiro.