Descrição
Pressentindo sua morte, Mário de Andrade, a partir de 1942, segundo Gilda Mello e Souza, começa a fazer uma espécie de balanço da sua vida, o que seria evidente, para ela, especialmente em três trabalhos: a conferência O Movimento Modernista (1942), o Banquete (1944/5), obra não concluída, e Meditações do Tietê (1945), poema que finaliza pouco antes de morrer. Nestes textos transparece profundo pessimismo, melancolia e severa autocrítica, questões acentuadas alguns anos antes, em 1938, por ocasião do seu afastamento do Departamento de Cultura, e depois em 1941, data do seu retorno à cidade de São Paulo. Partindo desta perspectiva, na qual história de vida e produção intelectual se mesclam, será realizada uma análise do processo de rememorar do autor, especialmente a partir da conferência em forma de relato O movimento Modernista em diálogo com sua correspondência pessoal e análises de sua personalidade. Conceitos de Phillippe Leujene e de Franco Ferrarotti sobre o método biográfico, na clivagem entre o sujeito e o contexto histórico, serão articulados à s questões abordadas. Serão enfatizados os fundamentos epistemológicos do método biográfico na razão dialética que governa a interação entre o indivíduo e o sistema social, conforme apontou Franco Ferraroti no seu texto clássico Sobre a autonomia do método biográfico.