Descrição
Ao entender, em 1967, a contestação artística frente ao regime militar como um gesto político ineficaz, Carlos Zílio, um artista plástico então atuante nas vanguardas brasileiras, acaba por abandonar momentaneamente sua produção artística em favor da militância. Na seqüência dos acontecimentos, já em 1970, e agora atuando pelo grupoarmado Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), Zílio é baleado e preso pelos militares. Na saída da prisão, depois de mais de dois anos passados nos quartéis do exército, o artista, conforme suas palavras, é “abruptamente jogado no milagre brasileiro”, onde percebe que tanto os ideais políticos quanto os estéticos de sua geração precisam ser revistos. A obra Ferro fere, de Carlos Zílio, premiada no Salão Paranaense de 1973, ao guardar as marcas estéticas e históricas desse novo momento, servirá aqui à interpretação artística e política não só de um caso limite, que é o de Zílio, mas de uma reconfiguração simbólica maior, necessária à compreensão do período.PALAVRAS-CHAVE: arte e política; Carlos Zílio; história da arte; arte brasileira