Descrição
As ciências sociais e a antropologia contemporânea consideram cada cultura como única. E, portanto, intraduzível numa outra. Logo, nessa perspectiva do particularismo cultural, não poderíamos julgar nenhuma cultura, seja de indivíduos, comunidades ou grupos sociais. Pois cada uma, sendo única, seria intraduzível fora de si própria. Já o conceito de universalismo cultural constitui o oposto ou avesso deste conceito. Porque reivindica a inserção de valores (ocidentais, por exemplo), em todas as culturas do mundo, universalmente, independentes de quais e onde estejam localizadas, num processo denominado por Hall (2005) de hegemonia cultural. São considerados universais, principalmente, os valores culturais inspirados nas grandes bandeiras do Iluminismo como a liberdade, a igualdade, a fraternidade, o nacionalismo, os direitos humanos. A hipótese, neste ensaio, é de que a dualidade entre universalismo e particularismo possa ser apenas uma oposição artificial - e não conceitos necessariamente contraditórios. Para colaborar com esse debate, analisa-se um possível ponto de encontro entre esses dois polos: a comunicação, baseada na vontade de entendimento mútuo, como uma característica inerente aos seres humanos, em todas as culturas, sejam elas particulares ou universais (Habermas, 1989:88).