Descrição
O texto analisa “Ouro Preto”, que integra o livro Sonetos brancos (redigido entre 1946 e 1948), tomando-o como retrato das principais questões que ocupavam a obra de Murilo Mendes no período e como síntese antecipatória do importante encontro do autor com a cidade de Ouro Preto, que motiva a redação do livro seguinte, Contemplação de Ouro Preto, entre 1949 e 1950. Sem abdicar da imagem de inspiração surrealista e dos elementos mais fundamentais da poética do autor, o soneto se enquadra na tradição literária brasileira em torno da cidade mineira, colhendo em textos de outros autores a sua matéria. A análise de elementos formais pretende flagrar, no soneto, uma nova relação que a obra estabelece, a partir de 1945, entre poesia e realidade – e que se pode expressar como uma consciência mais aguda da história brasileira.