Descrição
O trabalho investiga um dos momentos centrais do debate sobre a musealização de restos mortais no Brasil, a partir do cotejamento de diferentes narrativas em torno dos despojos humanos do cangaço exibidos até a década de 1960 no Museu Estácio de Lima, em Salvador, Bahia. Para tanto, contextualiza a trama discursiva que legitimou a musealização da “coleção de cabeças” e examina os argumentos dos familiares dos cangaceiros e dos cientistas atuantes no museu. Destaca os dilemas éticos e políticos deste fato que culminou com a elaboração do Projeto de Lei n.º 2.867/1965 da Câmara dos Deputados. As análises evidenciam estratégias de arquivamento, fabricação e consagração de legados sobre o cangaço e as diferentes narrativas construídas em torno dos despojos humanos em museus naquele contexto.