Descrição
O presente texto tem por objetivo historicizar a criação do Museu do Tropeiro e compreender a institucionalização de uma memória e de uma narrativa. Localizado no município de Castro, estado do Paraná, trata-se de um museu público municipal inaugurado em janeiro de 1977, idealizado por uma professora castrense que o dirigiu durante aproximadamente 30 anos. A instituição tem por objetivo principal preservar e divulgar a história do tropeirismo de muares no Sul do Brasil. O texto expõe uma breve apresentação sobre o museu, seu contexto de fundação e seu desenvolvimento. Traz ainda um levantamento da historiografia brasileira sobre o comércio de muares no Brasil meridional. Os caminhos, definidos no século XVIII, estabeleceram-se a partir do relevo, seguindo os vales dos rios, pelas trilhas indígenas e principalmente pela procura dos campos com fartura em pastagens. No decorrer destas rotas, surgiram paradas estratégicas que se transformaram em povoados graças ao fluxo desses tropeiros. Os locais de pousos das tropas, pontos de descanso e pernoite, foram se tornando pontos de reabastecimento, de invernada e até de compra e venda de animais. Era preciso suprir as necessidades dos tropeiros através do plantio de roças e estabelecimentos comerciais os quais geraram núcleos de povoamento, como é o caso do município de Castro. O texto apresenta, portanto, a problematização e as relações estabelecidas entre a historiografia, o conceito de patrimônio cultural e o conceito de museu.