Descrição
A Arte Cinética não acredita na possibilidade de um espaço vazio, neutro ou passivo. A conceituação do contínuo espaço-temporal adotada por esta tendência é a de um ente pleno de energia, dinâmico, percorrido por campos de forças que se expandem e se comunicam entre si. Em particular, um dos seus pioneiros, o venezuelano Jesús Soto, trata o homem como mais um elemento da Natureza, capaz de afetá-la e de ser afetado por suas forças, colocando-o nas suas obras como parte ativa e inseparável dessa entidade, isto é, como um compêndio de matéria e energia que não escapa dos fenômenos que se manifestam no espaço-tempo. Soto insiste em não se distanciar – nem como pesquisador, nem como participante – do Universo que tanto deseja compreender e em não distanciar o fruidor, pois acredita que o ser humano, com seu corpo, seus sentidos, seus movimentos e sua energia, está coligado com o entorno e, como tal, não desfruta de uma localização privilegiada, nem é capaz de enunciar verdades absolutas ou divorciadas do seu próprio ser. Este artigo faz parte das pesquisas da autora sobre as relações entre Arte e Ciência, especificamente os vínculos da Arte Cinética com os avanços das ciências físicas acontecidos nas primeiras décadas do século XX e, em particular, com as teorias relativista e quântica sobre a composição e o comportamento do espaço.