Descrição
Este artigo objetiva discutir questões centrais sobre o ensino de poesia na Educação Básica, refletindo sobre as possibilidades de prática e os esclarecimentos pedagógicos necessários para realizar um trabalho efetivo com o gênero. A partir de uma perspectiva materialista-dialógica, discute-se a relevância do contato discente com o gênero poético, tomando-o como capaz de desenvolver a humanização intrinsecamente necessária para todo indivíduo (CANDIDO, 2004). Desse modo, o acesso à poesia em sua materialidade concreta é pensado como um direito de todos, sem interferências de visões generalizadas ou escolarizadas sobre o gênero. Ademais, reforça-se a necessidade de entender o estudante como um sujeito ativo e capaz de desenvolver visões além das pré-estabelecidas e esperadas sobre um texto, podendo ele ter uma atitude responsiva por meio de leituras singulares da “palavramundo” (FREIRE, 1987) ou da criação de outros escritos poéticos. Atenta-se também à seleção de poetas e poetisas a serem trabalhados, uma vez que reforçar a visão canônica sobre o gênero tende a levar os estudantes a não conseguirem se enxergar enquanto escritores. Por fim, conclui-se que o trabalho com a poesia não deve ser reduzido a fórmulas metodológicas, sendo sempre necessário propor questionamentos e adequar-se às especificidades de cada experiência.