Descrição
Este trabalho explora os sentidos do ensaístico em relação com os problemas contemporâneos da voz, do denominado “fim da história”, do saber arqueológico e, portanto, da soberania. Também evidencia o atrelamento inevitável de toda sigética (o abismo como fundamento) à metafísica (o absoluto como fundamento) para, por um deslizamento entre sage e saggistica, mostrar a maneira em que é na sabedoria do ensaio onde satisfação e insatisfação se tornam, enfim, sensíveis. Através de uma arqueologia do saber ensaístico, particularmente na sua fase moderna, o trabalho evidencia a maneira em que esse saber se situa na indecidibilidade –entre signo e discurso, entre completude e fragmento, ou entre o semiótico e o semântico; entre a realização e a tentativa, ou entre afirmação e negação, ou entre a identidade e a sua procura, ou entre ser e não ser–, fazendo com que o seu acontecimento seja uma forma singular de cura sui, um extremo de potência para além do mero fato literário cronologicamente ordenado e hierarquizado. Finalmente, se pensam os avatares de um ensaio latino-americano que encontra a possibilidade de escrever uma experiência íntima sem limites, a sutil comunidade dos que carecem de algo em comum.