Descrição
Este artigo visa analisar o insondável no fantástico contemporâneo no conto Cuentencillo policíaco (2008), do colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014), relato que perturba o leitor quanto à ameaça do efeito fantástico ao romper os limites entre o real e o irreal na narrativa, no momento em que o corpo do senhor B chega em casa à seis e cinco da tarde, depois do seu dia de trabalho, abre a porta, entra com óculos posto, uma revista solicitada há uma hora antes por telefone por sua esposa, a senhora A, quando ele cai de bruços próximo a porta e a esposa percebe que ele está morto. O médico constata, pouco tempo depois de chamado, que ele morreu a pelo menos oito horas. Causando questionamentos, tanto nas personagens, quanto no leitor, o que os estudiosos chamam de violação das leis da realidade. Para esta análise, utiliza-se, principalmente, algumas ideias referentes ao gênero fantástico de Alazraki (2001), Ceserani (2006), Roas (2013), dentre outros. Deste modo, constata-se que a ameaça do fantástico está ligada ao medo, emocional e/ou intelectual, no fantástico tradicional, dos séculos XVIII e XIX, e/ou contemporâneo, criando a dúvida, a instabilidade do real, a quebra das normas da sociedade, adaptando-se, por assim dizer, a nova realidade que se faz.