Descrição
Este artigo analisa as formas de interação entre o eu e o outro em três filmes do diretor francês Jean Rouch: Eu, um negro (1957), Crônica de um verão (1960) e Os tambores do passado (1971). Rouch foi um mestre na arte de criar filmes baseando-se no método da improvisação e da criação de personagens e narrativas a partir do encontro entre o aparato cinematográfico e os atores. Em seus filmes, a câmera funciona como elemento catalisador de relações sociais que estão na origem da narrativa que vemos na tela. Nesses filmes, a relação entre observador e observado é lastreada por um acordo. Os atores são informados sobre a presença de câmeras e microfones e concordam, em alguma medida, em servir de base para a construção das personagens fílmicas. A relação de alteridade aqui pressuposta se dá, então, entre um eu-aparato cineamtográfico e um outro-estrangeiro a esse aparato, mas que a ele se oferece.