Descrição
Atualmente, cada vez mais se convoca o campo educacional para dar conta de uma míriade de eventos considerados problemas sociais, consolidando-se uma educacionalização do social. Por meio da educacionalização, ampliam-se os objetivos da escolarização, incluindo-se nos currículos temas como saúde, drogas, nutrição, gravidez, finanças e tantos outros quanto sejam as preocupações da sociedade com os proliferantes riscos contemporâneos. Neste artigo, pretendemos mostrar como se está buscando educacionalizar as escolas brasileiras por meio de fluxos molares, bem como os modos que esses fluxos molares se desdobram em fluxos moleculares no espaço escolar. Inicialmente, desenvolvemos uma discussão acerca da educacionalização do social que funciona ampliando gradativamente as funções da escola. A seguir, serão analisados, em um primeiro movimento, os 36 projetos de lei (PL) que passaram a tramitar no Congresso Nacional entre 2011 e 2014 com o objetivo de inserir novas temáticas nos currículos escolares, mostrando-se como estas temáticas respondem a preocupações que rondam nossa sociedade em relação a supostos riscos que devem ser gerenciados. Em um segundo movimento, é analisada uma série de entrevistas realizadas com diretores de escolas públicas gaúchas, que mostram como os fluxos molares das políticas públicas educacionais, ao chegarem às escolas, tornam-se micropolíticas de educacionalização. Nessas entrevistas, não foi possível perceber linhas de fuga, contracondutas em relação a esta grande tendência educacionalizante. O artigo é finalizado com algumas considerações finais que tensionam este processo contemporâneo.
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