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Oficina de leitura do SEF1 do CAp-INES: em busca de caminhos metodológicos para o ensino de leitura para surdos
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Metadados
Descrição
Este trabalho se constitui em um relato de experiência pedagógica desenvolvida em uma Oficina de Leitura no Setor de Ensino Fundamental do Primeiro Segmento do Colégio de Aplicação do Instituto Nacional de Educação de Surdos (SEF1 – CAP-INES), em uma perspectiva de educação bilíngue para surdos. Dentre os objetivos específicos desta oficina temos: propiciar o acesso do aluno a um amplo repertório literário; apresentar os mais variados gêneros textuais, conhecendo suas características próprias a partir da observação da regularidade de sua estrutura discursiva e linguística; desenvolver estratégias de leitura que primem pela compreensão do texto, e não pela sua decodificação superficial, e pelo prazer da leitura. A orientação teórica que norteia nossa prática pedagógica é a vertente sociointeracionista, que reconhece o sujeito como um ser social situado em um dado contexto sócio-histórico-cultural, percebendo-se “a aprendizagem como um processo essencialmente social, onde a linguagem tem um papel de destaque na apropriação de habilidades e conhecimentos socialmente disponíveis” (VYGOTSKY, 1987, p. 93). Em concordância com esta corrente, entendemos a leitura enquanto prática social que remete a outros textos e que reflete nosso conhecimento de mundo e grupo social de pertencimento, sob a forma subjetiva de valores, comportamentos, atitude e crenças (Kleiman, 2008). Convencidas de que a linguagem é a base para a construção das funções superiores, estando estreitamente ligada à cognição, desenvolvemos algumas estratégias metodológicas para o ensino da leitura, em que a negociação dos significados dos textos apresentados se concretiza a partir de uma relação dialógica entre os agentes escolares, alunos e professores, que compartilham o mesmo território linguístico, onde a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) se constitui na principal língua de circulação nesse ambiente escolar, e a Língua Portuguesa, modalidade escrita, é ensinada/aprendida em uma perspectiva de segunda língua. Ao levar o aluno a perceber o texto não apenas como uma forma, mas como um portador legítimo de comunicações e de significados sociais, possuindo características específicas dependendo do seu gênero, a experiência empírica nos aponta que o trabalho estritamente lexical, com palavras soltas e descontextualizadas, não propicia a compreensão de sua macroestrutura, necessitando que os alunos negociem seus sentidos a partir da diferenciação das estruturas das duas línguas envolvidas no ensino, sendo a LIBRAS condição para a aprendizagem da Língua Portuguesa, na modalidade escrita. Com base nos pressupostos apresentados e na prática docente, defendemos que uma educação de qualidade para os surdos passa pelo modelo bilíngue de ensino, ainda que gestado nas tensões e relações de poder que caracterizam as atuações de sujeitos surdos e ouvintes, tal qual nos aponta Skliar.
ISSN
1518-2509
Periódico
Autor
Freitas, Geise; Instituto Nacional de Educação de Surdos
Data
3 de julho de 2019
Formato
Identificador
https://www.ines.gov.br/seer/index.php/forum-bilingue/article/view/488 | 10.20395/fb.v0i37.488
Idioma
Editor
Fonte
Revista Forum; n. 37 | 2525-6211 | 1518-2509 | 10.20395/fb.v0i37
Tipo
info:eu-repo/semantics/article | info:eu-repo/semantics/publishedVersion