Descrição
O presente texto é o resultado do exercício de questionamento sobre a aplicação do conceito de “paisagem cultural” a contextos sociais contemporâneos, conceito este proposto pelo Conselho Internacional de Museus – ICOM e pela Carta de Siena, escrita em 2015, pelo comitê nacional do ICOM italiano. Interrogando a própria noção de “paisagem” como uma ideia universalmente aplicável para além do contexto europeu, propomos a reflexão sobre o papel dos museus e a própria noção de musealização sob o ponto de vista da descolonização. Defendendo a descolonização da musealização e da paisagem como um exercício reflexivo necessário para a museologia do presente, o artigo deflagra alguns dos desafios centrais para os museus e seus agentes. A noção discutida de “paisagem cultural” nos apresenta, ainda, a própria discussão antropológica sobre o conceito de cultura, e somos levados a apreendê-lo, nos discursos patrimoniais, desconectado do caráter mais complexo constatado em seus usos contemporâneos. Ignora-se, portanto, a dimensão vivida do patrimônio transmitido como imagem ou paisagem, explorado nos processos coloniais e atualmente consumido pela “turismificação” dos lugares.