Descrição
Este artigo procura pôr em questão a forma e os recursos conceituais pelos quais a etnologia moderna buscou consagrar a divisão entre as terras altas e as terras baixas da América do Sul como domínios etnográficos diferentes por natureza. O que aqui se defende é que esta divisão é, antes de mais nada, sucedâneo de um modelo analítico. Uma mudança de modelo etnológico poderia, dessa forma, desembocar na dissolução de fronteiras presumidas como naturais. Entre Andes e Amazônia, por exemplo. Nesse sentido, procura-se aqui sugerir, sintética e preliminarmente, a partir de um caso etnográfico específico, uma aproximação interpretativa dos contextos etnográficos dessas duas regiões, por meio de uma perspectiva antagônica àquela que consagrou a “grande divisão” continental. ||This article tries to question the manner and the conceptual tools by which the modern ethnology managed to establish the division between highlands and lowlands in South America, ethnographical fields recognized as different by nature. This division here is fundamentally seen as an outcome of a specific analytical frame. A change of ethnological model could dissolve frontiers presumed as natural, for example between Andes and Amazonia. In this sense, and from a specific ethnographic case, this paper suggests, at least in a synthetic and preliminary way, an approximation of those two regions. This is only possible taking an opposite theoretical perspective from that other that established the continental great divide.