Descrição
A partir da expressão “República de Curitiba”, forjada por Luís Inácio Lula da Silva, preso desde abril na cidade e personagem deste ensaio, propõe-se uma reflexão em torno da relação literatura-política com base na obra do escritor Dalton Trevisan, que em 1968 publicou dois livros em um (Desastres do amor e Mistérios de Curitiba) pela editora Civilização Brasileira de Ênio Silveira. Tomando como principal objeto o texto em tom bíblico profano dedicado à destruição da cidade que abre o segundo livro, “Lamentações de Curitiba”, postula-se uma relação entre as espadas desembainhadas nas “Lamentações” e durante as passeatas do movimento estudantil há cinquenta anos no Rio de Janeiro, com forte adesão da classe intelectual, que provocariam o endurecimento do regime militar instalado no poder desde 1964. Os relatos de Dalton Trevisan são vistos da perspectiva das escrituras do desastre segundo Blanchot e da poesia como vida-morte segundo Bataille, juntamente com a fusão de prosa e poesia que se pode ler em Waldman e Agamben.||Beginning with the expression “República de Curitiba”, carved out by Luís Inácio Lula da Silva, who was arrested last april in the city of Curitiba and who figures as a character of this essay, I propose a reflection about the relation between literature and politics from the writer Dalton Trevisan’s works, who in 1968 published two books in one (Desastres do Amor and Mistérios de Curitiba) by Civilização Brasileira editor Ênio Silveira. Taking as its main object the text in a biblical profane mood dedicated to the destruction of the city that opens the second book, “Lamentações de Curitiba”, a relation is postulated between the unsheathed swords in the “Lamentações” and during the movement students rallies fifty years ago in Rio de Janeiro, with a high engagement of the intellectual class, that provoked the hardening of the militar regime in power since 1964. Dalton Trevisan’s tales are seen in the perspective of Blanchot’s writing of the disaster and according to Bataille’s notion of poetry as life-death together with the prose and poetry fusion read in Waldman’s and Agamben’s works.