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Por que você não coleciona selos como todo mundo? Velhice e objetos de coleção na trajetória de Urbano, O Aposentado||Why do not you collect stamps like anyone else? Old age and collection of “useless” objects of “Urbano, the retired man”
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Metadados
Descrição
Pretendemos com esse artigo, a partir das tiras de Urbano, O Aposentado, discutir as coleções de objetos “inúteis”, em um contexto de patrimônio e de memória social. Nas diversas coleções de “inutilidades”, as memórias e as lembranças evocadas pelos objetos – muitos deles biográficos – constituem relações especulares e subjetivas no mundo reordenado de Urbano. Aquelas se transformam em possibilidades de potência e de experiências de uma vida renovada para si mesmo e para o grupo que o cerca. Viajar pelos lugares através dos cartões-postais; compartilhar com a estátua viva na pracinha, as músicas de sua coleção de caixinhas de música, etc. são formas de estreitamento, afirmação de uma identidade e de uma “pacífica impressão de continuidade”. Essa impressão encontra-se reforçada pela “companhia das coisas que envelhecem conosco”, no dizer de Bosi (1994, p. 441), já que a coleção tem o poder de representar o indivíduo, fazendo com que o objeto se perpetue como fator de ligação entre o indivíduo e o mundo que o cerca. Essas representações sob a ótica informacional propiciam chaves de leitura dentro de um quadro maior da sociedade brasileira: o de idoso aposentado. Por que não enxergar a prática colecionista de Urbano como uma metáfora de resistência ao descarte, como uma crítica aos hábitos de consumo, à morte das coisas? Se a velhice e os aposentados são categorias sociais, por que não relacionarmos os objetos de Urbano, passíveis de descarte, com algumas representações da terceira idade e do aposentado como improdutivas?Palavras-chave: objetos de coleção, patrimônio, velhice.||On the basis of the “Urbano” strips, this article discusses the collections of “useless” objects in a context of heritage and social memory. In the various collections of “useless things”, the memories evoked by the objects – many of them biographical – are mirror specular and subjective relations to the re-ordered world of “Urbano”. They are transformed into possibilities of power and experience of a renewed life for himself and for the group around him. Travelling to places through postcards; sharing with the living statue on the square the songs from his collection of music boxes, etc. are ways of narrowing, of affirmation of an identity and of “a peaceful impression of continuity”. This impression is reinforced by the “company of the things that become old together with us”, according to Bosi (2009, p. 441), since the collection has the power to represent the individual, making the object to be perpetuated as a link between the individual and the world around him. Under the informational perspective, these representations provide ways of reading within a larger picture of the Brazilian society, viz. the retired elderly. Why should we not see the collectionist practice of “Urbano” as a metaphor of resistance to disposal, as a criticism of consumer attitudes, of the death of things? If old age and retired people are social categories, why should we not relate “Urbano’s” objects, subject to disposal, with some representations of old age and of retired people as unproductive?Key words: collection of objects, heritage, old age.
ISSN
2177-6229
Periódico
Autor
Ribeiro, Leila Beatriz
Data
9 de outubro de 2011
Formato
Identificador
http://revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/view/csu.2011.47.3.02 | 10.4013/csu.2011.47.3.02
Idioma
Editor
Fonte
Ciências Sociais Unisinos; v. 47 n. 3 (2011): Setembro/Dezembro; 199-207 | 2177-6229 | 1519-7050
Tipo
info:eu-repo/semantics/article | info:eu-repo/semantics/publishedVersion