Descrição
O presente artigo analisa e discute a aplicação da psicanálise na pesquisa sobre as religiões afro-brasileiras, a partir do trabalho do psicanalista Ernesto La Porta, que parte do princípio de que a psicanálise possui um conhecimento aplicável ao estudo da religião e assim utiliza os conceitos psicanalíticos para descobrir significados simbólicos latentes nos rituais do candomblé e da umbanda. Suas teses configuram-se como traduções psicológicas do ritual, o que historicamente sempre gerou conflitos no campo dos estudos sociais, pois pode ser considerado um reducionismo, que dificulta a investigação psicológica da religião. O ponto central para um contraponto a este uso da psicanálise está na forma de conceber a interpretação. Numa perspectiva lacaniana e mais contemporânea, não se trata de um ato de atribuição de significados por parte do analista, mas sim de uma operação que facilita o desvendamento de sentidos implícitos aos acontecimentos do campo, nos termos dos próprios participantes.