Descrição
Discute-se neste texto a inserção de Sara Gómez nos chamados Novos Cinemas Latino-Americanos, mais especificamente no “Cinema Imperfeito” cubano, organicamente ligado à Revolução de 1959 e afinado com os ideais socialistas, que aparecem em temáticas políticas e também nas escolhas estéticas dos diretores. Negra e mulher, Sara logo se revelou uma grande cineasta, trabalhando essas questões no longa-metragem De cierta manera, de 1974. Mesmo sem se autodeclarar feminista, o filme em questão assinala o colapso de valores tradicionais, como a assimetria de gênero e a submissão das mulheres na sociedade cubana. A Revolução traria a igualdade em todos os setores, incluindo uma sonhada equidade de gênero. Sua obra foi e tem sido apropriada por pesquisadoras feministas por ter se tornado um marco latino-americano durante uma década tocada e estremecida pela efervescência do movimento feminista e pela entrada visível das mulheres no campo do cinema. São essas relações que se busca analisar neste artigo.