Descrição
O objetivo é examinar como os conceitos de “civilização” e de masculinidadehegemônica atuaram no processo de construção da identidadenorte-americana por ocasião da guerra do Iraque de 2003. O argumentocentral é o de que ambos os conceitos operaram como mecanismos discursivoshistoricamente contingentes que localizaram espaço-temporalmentea diferença para a preservação da integridade do Eu e o seu autoconhecimentona relação com seu próprio entendimento do que a objetividadedeve ser. No caso da guerra do Iraque, a consolidação das noções deprogresso e “bom governo” no conceito de “civilização”, em contraposiçãoà “barbárie”, à “selvageria”, à “tirania” e ao “radicalismo” de “Estados-pária”,como o Iraque, resultou da necessidade de fortalecimento da coesão daidentidade norte-americana.Legitimou-se, assim, a intervenção visandoà proteção de cidadãos em relação a governos opressores. A masculinidadehegemônica ligada à violência e ao heroísmo – personificada naimagem de força e de bravura do cowboy– operou interativamente em talconceito,simbolizando o poder da “civilização” contra forças “selvagens” e“fora da lei” que trariam desordem. Representações alternativas à masculinidadehegemônica personificada na imagem do cowboy – como as masculinidadeseuropeias baseadas na diplomacia e na moderação – foramdepreciadas e associadas à fraqueza e à feminilidade.