Descrição
O artigo resulta da investigação da cadeia museológica que leva à consagração das “artes primeiras” no Musée du quai Branly. Concebido para neutralizar o valor cultural dos objetos nos seus contextos precedentes à entrada para o mercado europeu, o quai Branly, como um museu de arte, vem se voltando quase que exclusivamente para o mercado de arte e para os colecionadores ao constituir a sua coleção. Tal neutralidade cultural, que se dá pelo processo de silenciamento histórico, é construída por uma museologia da artificação na qual os objetos são elevados ao estatuto de “obras de arte” no processo circular que vai do museu ao mercado e vice-versa. Nas “artes primeiras”, a “obra” é o produto de uma tradução cultural por meio da qual elementos de outras culturas são interpretados como arte para poderem transitar como mercadorias no contexto internacional.||The paper results from the investigation of the museum chain that consecrates the “arts prémiers” in the Musée du quai Branly. As a museum of art, conceived to neutralize the cultural value of objects in their previous contexts before entering the European market, the quai Branly is most exclusively connected to the art market and to collectors in the constitution of their own collection. Such a cultural neutrality, mediated by a process of historical silencing, is produced in a museology of artification in which objects are elevated to the statute of “works of art” in the process that evolves from the museum to the market and vice-versa. In the “arts prémiers”, the “work” is a product of a cultural translation by which the elements of other cultures are interpreted as art in order to circulate as commodities in the international context.